Sob
este título, insere, no seu último número, datado de 5 do corrente, “O
Autonómico” de Vila Franca:
“Pelo
que acabamos de ler, parece que em Angra se vai tomando a peito a proteção aos
animais, devido ao zelo e esforços de uma sociedade que para tanto ali se
organizou.
Muito
justo e louvável.
Bom
era que também entre nós se cultivasse a sério tal assunto e desse inteiro
cumprimento ao nosso código de posturas municipal, que naquele particular diz:
“Artigo 46º” – A
ninguém é permitido:
1º- Carregar os
animais, ou veículos tirados por aqueles, de modo que se exija dos mesmos
animais esforços extraordinários;
2º- Empregar em
serviços animais extenuados, chagados, famintos ou notavelmente doentes;
3º- Espancar ou tratar
com crueldade publicamente os animais próprios ou alheios:
Parágrafo único- A
transgressão dos números 1 e 2, deste artigo será punida com a multa de
seiscentos reis, e a do número 3 com a multa de mil e duzentos reis.”
Já
de há tempos que “O Autonómico” vem escrevendo sobre a forma descaroável porque
se tratam os animais, não só em Vila Franca, como, infelizmente, em toda a ilha
de São Miguel.
Por
esse facto, não regatearemos encómios àquele colega.
E,
a propósito, informá-lo-emos que existe, na pátria de Bento de Góis, um
vendilhão de peixe, surdo-mudo de nascença, que espanca o pobre burro que lhe
serve de ganha pão com uma ferocidade inaudita e revoltante.
Esse
facto foi presenciado não há muitas semanas, na Praia, por várias pessoas,
entre as quais citaremos os srs. João Nicolau Ferreira, Henrique Machado de Ávila
e a redatora deste jornal.
Encontrava-se
também presente um súbdito alemão que, no auge da maior indignação, quis
intervir, em defesa do pobre burro, contra o ferocíssimo aborto que, armado de
um grosso cacete, atirava à cabeça da infeliz cavalgadura enormes bordoadas.
E,
na verdade, aquele infamíssimo procedimento estava mesmo a pedir a pena de
talião.
Quem
com ferro mata…
Concordando
plenamente, pois, com as reclamações sensatas e humanitárias do “Autonómico”,
chamamos a atenção das autoridades competentes e as daquele jornal para o
bárbaro procedimento do vendilhão de peixe surdo-mudo de Vila Franca do Campo.
(A
Folha, nº 516, 13 de Outubro de 1912)
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