domingo, 30 de dezembro de 2012
Proteção aos Animais
Para a morigeração dos nossos costumes, uma grande medida é preciso tomar desde já.
Coibir os maus tratos aos animais, que a cada passo se presenceiam pelas ruas desta cidade.
Praticam-se verdadeiros abusos.
Carregam-se demasiadamente os veículos; espancam-se brutalmente os animais; presenciam-se toda as casta de barbaridades e não se levanta um braço que obste tudo isso.
Animais mortos de fome, tirando carros com pesos superiores às suas forças, outros trazendo sobre dolorosas chagas, grossas e ásperas correias!
Depois, agrava-se este abuso com o emprego de carneiros e cães tirando pequenas carroças de mão!
Não se pode nem se deve consentir isto.
Não se pode: porque aos nossos sentimentos humanitários e de educação repugna assistir a estes espetáculos; não se deve porque estamos prejudicando a instrução das crianças, ensinando-lhes atos de malvadez.
E como se acaba isto?
Reprimindo estes abusos à força do emprego de todos os meios.
Se o primeiro carroceiro que espancasse o animal; o que fosse encontrado conduzindo no veículo peso superior ao que devia, e o que empregasse no serviço de tiro animais cujas aptidões não servem para tal, e só perturbam o trânsito dando uma triste ideia do que somos:-havia haver respeito pela lei.
Porque na lei nós temos elementos para acabar com isto.
Em tempos pensou-se em fundar aqui uma “Sociedade Protetora dos Animais” delegada da de Lisboa, mas os mais entusiásticos esmoreceram e não chegou a realizar-se, uma das causas que motivou também isto, foi não se ver aqui um corpo de polícia que coadjuvasse os esforços dos membros da sociedade.
Mas a imprensa micaelense, honra lhe seja, tem sempre advogado a necessidade de proteger os animais.
É tempo, pois, dela ser ouvida.
Não se pode calcular o mal que faz à educação da mocidade, estas brutais cenas que aí vemos a cada passo.
Esperamos que os nossos colegas nos acompanharão nesta cruzada.
Havemos pedir, pedir muito, até que alguém nos ouça e dê deferimento às nossas reclamações a favor da civilização.
Noutro lugar desta folha publicamos uma nota de lei para a qual chamamos a atenção da autoridade administrativa.
(Diário de Anúncios, nº 2226, 16 de Julho de 1892)
Nota- Embora não assinado supomos que o texto é de Alice Moderno que esteve ligada ao referido jornal naquela data.
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