terça-feira, 6 de agosto de 2019

Francisco Soares Silva, Alice Moderno e Manuel Medeiros Cabral



Francisco Soares Silva, Alice Moderno e Manuel Medeiros Cabral

Por mais de uma vez escrevemos no Correio dos Açores sobre o operário micaelense Francisco Soares Silva que foi diretor dos jornais “Vida Nova”, Órgão do Operariado Micaelense e “O Intransigente”, órgão do Centro de Ponta Delgada da Federação Nacional Republicana que se publicaram em Ponta Delgada no início do século XX.

A leitura do livro “Os Alevantes da Memória”, da autoria de David Luna de Carvalho, editado em 1999, pelas Edições Salamandra dá-nos a conhecer a ligação de Francisco Soares Silva ao concelho do Nordeste, na ilha de São Miguel.

Tal como aconteceu com a democracia surgida com o 25 de abril de 1974, que foi construída essencialmente por antigos adeptos do Estado Novo, a República implantou-se em terreno onde escasseavam republicanos.

No caso do Nordeste, o autor referido menciona a pouca adesão à República, dando como prova o facto de apenas 43 pessoas terem assinado a sua proclamação. Ainda segundo a mesma fonte, para além do administrador do Concelho, “feito à pressa republicano”, apenas havia dois nomes que não estavam associados à monarquia, o médico-cirurgião, António Cabral de Mello e Francisco Soares da Silva, que se assumia como “Socialista-Libertário”.

Por que razão assinou Francisco Soares Silva, a proclamação da República nos Paços do Concelho do Nordeste?

De momento, desconhecemos já que nas pesquisas efetuadas o seu nome aparece sempre ligado a Ponta Delgada.

Outro livro consultado, recentemente, que esclarece um pouco mais a ligação da feminista Alice Moderno com os principais responsáveis pelo jornal Vida Nova é o da autoria de Breno de Vasconcelos, intitulado “Paz Cinzenta …os Açores através de algumas figuras e episódios de uma época”, editado em Lisboa, em 1979.

Francisco Soares Silva foi um dos primeiros sócios da Sociedade Micaelense Protetora dos Animais, instituição fundada por Alice Moderno e Maria Evelina de Sousa. Foi também na tipografia de Alice Moderno que chegou a ser impresso o jornal Vida Nova de Francisco Soares Silva e de António da Costa Melo.

Através do livro de Breno de Vasconcelos ficamos a saber que um dos dirigentes do movimento operário em São Miguel, Manuel Medeiros Cabral, companheiro e vizinho de oficina de Francisco Soares Silva, possuía a sua “Agência Funerária Cabral” ao lado do escritório de Alice Moderno, no edifício que era pertença daquela ilustre escritora e defensora dos animais.

Manuel Medeiros Cabral foi diretor do jornal “O Estandarte”, órgão dos obreiros micaelenses que se publicou em 1926 que infelizmente não se encontra disponível nos Açores, podendo, apenas, ser consultado na Biblioteca Nacional, em Lisboa.

Sobre o débil movimento operário micaelense, onde o nome de Francisco Soares Silva, teve um papel ímpar, Breno de Vasconcelos escreveu o seguinte:

“No auge das campanhas proletárias que também surgirem em Ponta Delgada, mestre Cabral tomou parte activa, juntamente com um seu vizinho de oficina, Francisco Soares Silva, mais conhecido por “mestre Chico Manco”, que era bastante inteligente e foi um dos acérrimos defensores da classe operária”.


Teófilo Braga

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Alice Moderno e a Quinta do Norte


Alice Moderno e a Quinta do Norte

Hoje, na Quinta do Norte, nas Capelas, estão instaladas diversas instituições e projetos, entre os quais o de inovação pedagógica NOVAS ROTAS.

Quase todas as pessoas sabem que nesta quinta esteve instalada a Casa do Gaiato, instituição que tem por fins acolher, educar e integrar na sociedade crianças e jovens provados do seu meio familiar. Esta organização esteve nas Capelas desde 2 de abril de 1956 até agosto de 2011.

O que é quase desconhecido é que o nome de Alice Moderno está, também associado à Quinta do Norte, como se verá nos parágrafos seguintes.

A 31 de janeiro de 1946, Alice Moderno fez um testamento onde deixava a maioria dos seus bens à Junta Geral Autónoma do Distrito de Ponta Delgada com a obrigação desta no prazo máximo de dois anos construir um Hospital Veterinário, o que acabou por acontecer.

Alguns anos após a morte de Alice Moderno que ocorreu a 20 de fevereiro de 1946, mais precisamente em 1954, a Junta Geral decidiu vender os bens restantes daquela benemérita para comprar uma propriedade destinada à instalação da Casa do Gaiato.

27 de junho de 2019
T.B.