domingo, 17 de junho de 2012

A Criação do Hospital Veterinário Alice Moderno



Em texto anterior fizemos referência ao contributo ímpar de Alice Moderno para a criação e para as actividades da Sociedade Micaelense Protectora dos Animais, que como simples associada, quer, depois, como presidente da mesma.
Neste texto, mencionaremos as suas diligências no sentido da criação de um posto veterinário para tratamento de todos os animais. Dizemos todos os animais porque Alice Moderno não fazia discriminação, as suas preocupações não se limitavam apenas a alguns, mas a todos, incluindo os humanos: “caridade não é apenas a que se exerce de homem para homem: é a que abrange todos os seres da Criação, visto que a sua qualidade de inferiores não lhes tira o direito aos mesmos sentimentos de piedade e de justiça que prodigalizamos aos nossos semelhantes”.
Para além de, no seu jornal “A Folha”, divulgar a experiência de associações congéneres, como a Sociedade Protectora dos Animais do Porto que possuía um posto veterinário onde, em 1913, foram prestados 515 serviços, foram muitos os apelos feitos por Alice Moderno, junto das Câmaras Municipais, no sentido da criação do ambicionado posto veterinário. Embora os apelos não tenham surtido qualquer efeito, podemos dizer que foram dados os primeiros passos, através da disponibilização de um veterinário, a partir de 1934, para tratamento dos animais.
Poucos dias antes da sua morte, a 31 de Janeiro de 1946, Alice Moderno deixou os seus bens, em testamento, à Junta Geral Autónoma do Distrito de Ponta Delgada, com a obrigação daquela entidade instituir um hospital para animais, no prazo máximo de dois anos.
Em Janeiro de 1948, foi fundado o Hospital Veterinário Alice Moderno, que começou a funcionar, primeiro num pequeno pavilhão na Rua Coronel Chaves, nas antigas instalações do CATE, e que agora funciona, em São Gonçalo, em instalações pertencentes aos Serviços de Desenvolvimento Agrário.
De acordo com um texto de Ana Coelho, publicado em 2009, no jornal Correio dos Açores, ficámos a saber que embora o sonho de Alice Moderno se mantenha vivo, o número de atendimentos estava a diminuir, apesar de não ser cobrado nada a quem “não tem condições económicas para pagar os tratamentos ou vacinas dos seus animais de estimação”.
Teófilo José Soares de Braga
6 de Agosto de 2010

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